Ia para contar uma história, mas no caminho para casa ou lá onde fosse esqueci-me.
Sentado à secretária, onde escrevo as histórias que me ocorrem por aqui e por ali, chamei pela minha história e ela nicles! Não respondeu à chamada.
Onde a teria perdido? No corredor? Não, que não era história de correr. Na sala de jantar? Não, que não era história de comer. No quarto? Não, que não era história para adormecer.
Naturalmente, foi na rua, antes de eu ter entrado em casa. Ficou à porta, envergonhada, e andará agora por aí, ao deus-dará, sem ninguém que lhe dê a mão, desabrigadinha de todo, a minha pobre história perdida.
Que impressão isto me faz.
Vou amanhã a um jornal e ponho um anúncio: HISTÓRIA PERDEU-SE. RECOMPENSA-SE QUEM A ACHAR E A TROUXER À SEGUINTE MORADA...
Mas como é que as pessoas vão dar com a minha história, se andam por aí tantas histórias pela rua, ao desamparo, só à espera de alguém que as conte? Vou ficar com a minha casa cheia de histórias que não me pertencem. É embaraçante. Eu só preciso de uma. A minha. Como resolver esta aflição?
Bem... Podia imaginar... Podia, por exemplo, imaginar que a minha história, depois de ter andado ao acaso, foi ter a um jardim, onde estava uma senhora de cabelos brancos, sentada num banco, pensativa, preocupada... Ia visitar os netos e não tinha nada para lhes levar. Nem carrinho, nem bola, nem boneco... E eles, já se vê, à espera de uma lembrança. Mas a vida tão cara!
A minha história adivinhou-lhe os pensamentos. E a minha história, sempre tão tímida, tão metida consigo, teve uma ousadia. Ofereceu-se:
- Leve-me aos seus netos. Conte-me. Também sou uma prenda.
Assim aconteceu. E os netos parece que gostaram.
Afinal, sempre se aproveitou a minha história perdida.
Falcão Sossegado
Aqui estou mais uma vez....
Bem, Marés Vivas 2009 foi brutal...
Deixo vos aqui um cheirinho de todo um festival,
que valeu a pena assistir....
"Marés Vivas 2009"
Um dos melhores festivais de verão...
Até breve...
Falcão Sossegado
Numa pequena cidade eu nasci, e quando a chuva caía eu ficava ali na minha janela sozinho olhando. Sonhando com o que poderia ser, se eu terminasse feliz.... Eu sento-me e espero, mas uma sombra contempla o meu destino, e concerteza que conhece o sitio para onde vou, quando me sinto abatido e velho... Foi me dito que a liberdade deixa as minhas asas estendidas, então eu deito-me e descanso.
Quando estou deitado em minha cama, pensamentos vão correndo em minha cabeça e eu sinto que o amor está morto, mas em meio a tudo a isto este amor oferece-me proteção, alegria e afeição, esteja eu certo ou errado, mas de que vale... se ele está a morrer...
Desci em meus sonhos uma colina, com densas pastagens e milhares de plantas e flores que eu próprio não sei identificar mas onde quer que isso me possa levar eu sei que a vida não me arruínará...
Quando estou me sentindo fraco a minha dor percorre um riacho num só sentido rumo ao incerto... Eu olho para cima e vejo esta luz e sei que serei sempre abençoado por esta luminuzidade e conforme desaparece este sentimento ele aspira a carne junto aos meus ossos... o sangue... esse já foi sugado á muito...
Voando cego estou, o que vou encontrar...
Estou me atirando no escuro, e se isto me tomar a vida inteira?
Vou derrobar todas as paredes, vou seguir o meu caminho e amanha levanto-me com o sol, logo eu terei partido e as palavras não conseguem dizer como as lembranças dos sentimentos não se perservaram. Tudo tentei ao máximo alcançar, mas quando eu tentava falar, sentia-me como se ninguem pudesse me ouvir... queria fazer parte de tudo aquilo que via... mas algo parecia tão errado ali...
Então tentei me libertar, abri as minhas asas para voar...
Faria qualquer coisa para tocar o céu nesse momento, perante esta mudança tive de jogar tudo para o ar... Fora da escuridão em direção ao sol vou correr este risco e me libertar... O caminho será arduo e perigoso mas tenho de arriscar...
Sei que ainda estou a tempo de voltar a sentir a brisa quente, dormir debaixo de uma palmeira, sentir a agitação do mar... e ainda quero apanhar um comboio bem veloz para ver tudo a andar para traz não no tempo mas sim no momento, e apanhar um avião para ir para bem longe, para bem distante, onde me possa encontrar, onde possa pensar, onde possa voar... para me libertar...
Falcão Sossegado
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